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sexta-feira, 9 de julho de 2010

Cordelista Antônio Barreto

Foto: Antônio Barreto/ Priscila Bastos


por Priscila Bastos

O Cordelista Antônio Barreto em entrevista à Equipe do Site Poesia Baiana falou como surgiu o interesse pelo cordel, livros publicados, a repercussão dos cordéis feitos para o apresentador Pedro Bial e para o cantor Caetano Veloso.



Poesia Baiana-Como surgiu o interesse pelo Cordel?

Antônio Barreto- Desde a minha infância, no sertão da Bahia em Santa Barbara de onde venho. Nasci na zona rural na Fazenda Boa Vista, a 11 km da cidade, e ali tive a alegria de conviver com as mais variadas formas da manifestação popular: como a vaquejada, o samba de roda, festa de São João, de São Pedro, tiração de argola, pau de sebo, corridas de saco, tourada, depois a arte circense. E além do mais minha avó me levava para cidade e lá ficava encantado com a performance dos cordelistas vendendo seus folhetos na feira. Naquela época final da década de 60, e início da década de 80, ainda havia essa tradição dos cordelistas irem às feiras vender os seus folhetos de cordel. Eles eram criativos e aquilo me encantava. A beleza dos repentistas também era algo que me encantava. E tudo começa por aí na minha primeira infância.

Teve algum incentivador, motivador da família ou então amigo? Eu tenho 18 irmãos e nenhum deles é voltado para poesia ou para o cordel. Meus irmãos atuam em outros segmentos: educação, ciências exatas, empresários, etc. Sou o único da família que tem amor, admiração pela poesia. Às vezes digo que é algo cármico (risos), meu processo cármico a ser desenvolvido e aperfeiçoado no planeta Terra. Trago um pouco de influência do meu irmão mais velho, Benedito, que foi vaqueiro a vida inteira. Benedito não estudou e assumiu ser vaqueiro.

Você usa a internet para divulgar sua poesia? Sim. Tenho divulgado muito meu cordel na Internet. Não era tão comum divulgar a literatura de cordel em internet, mas possivelmente é um meio de comunicação forte e contagiou todo planeta Terra, então aproveito esse instrumento da modernidade pra divulgar a minha literatura de cordel. Recentemente publiquei dois cordéis na internet, que foi a crítica a Pedro Bial e uma resposta a Caetano Veloso, a respeito do que ele havia dito do Lula e fez um sucesso danado. Esta em mais de trezentos blogs. Minha intenção agora é continuar divulgando na Internet, mas não essa crítica direcionada, mas sim, colocar mais cordéis de cunho pedagógico.

Além da sala de aula qual outro lugar você divulga a sua poesia? Ah! Participo de muitos eventos de cultura popular no interior da Bahia. Muitas instituições me convidam para fazer palestras, oficinas de cordel. Estive em Santa Barbara onde aconteceu um Colóquio sobre Litaeratura de Cordel justo no Colégio onde estudei foi uma emoção muito grande. Estou caminhado por vários lugares não só dentro da sala de aula.

Barreto você já publicou algum livro?
Sim. Tenho alguns livros publicados, como Um Versos Outros, que é de poesia livre, publiquei Flores do Umburana, em 2006, pela Fundação Cultural do Estado, pelo Sebo Letras da Bahia, que é uma premiação de grande importância e, recentemente, publiquei um livro paradidático de cordel chamado O Cravo brigou com a rosa, com ilustrações do grande cartunista baiano Antônio Cedraz. Esse livro faz um sucesso danado aí com a garotada. E tem mais dois lá em Brasília na editora Conhecimento a serem publicados, que é Atirei o pau no gato e Pai Franscisco entrou na roda, também releituras em versos de cordel.

O que lhe dá mais retorno essas publicações também usadas em sala de aula ou agora com a divulgação em internet? Olha as duas formas são interessantes, embora a divulgação através da internet esteja mais abrangente e mais rápida. Recebo e-mails com elogio lá da França, da Argentina, de Coité, de Santa Barbara, da Paraíba, do Mato Grosso, de Portugal. Então essa é uma divulgação mais abrangente. Mas essa divulgação feita em escolas é interessante porque vão surgindo mutiplicadores, a partir do momento que eu dou uma oficina de cordel em uma escola para professores, eles se empolgam e passam a trabalhar com seus alunos a literatura de cordel.

O senhor pode recitar um cordel?Uma vez em sala de aula me recordo que os alunos estavam fazendo muito barulho e de repente baixou um santo em mim e fiz um Pai Nosso chamado Pai Nosso da Educação em versos de Cordel que diz assim: Pai Nosso que estais no céu olhai para educação, protegei os professores nessa difícil missão porque já não suportamos tamanha consumição perdoai nossas ofensas causadas pelo estresse porque são quarenta horas no eterno sobe e desce, além do salário baixo que o governo oferece dai-nos bastante coragem e paciência também não deixeis que nos tornemos da tristeza um refém nós queremos melhoria livrai-nos do caos, amém.

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