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sexta-feira, 9 de julho de 2010

Nádia Cerqueira


                                                Foto: Nádia Cerqueira/ Priscila Bastos



por Priscila Bastos

A poeta Nádia Cerqueira escreve poesia e mantém projetos para dar visibilidade a novos artistas, que declamam seus versos, já que a poeta tem vergonha de recitá-los. Charmosa, sempre com flores nos cabelos, apaixonada pelo mar, Nádia revela sua história contemplando a dança das ondas e a beleza das águas.


Poesia Baiana- Quando você começou a escrever?

Nádia Cerqueira- Comecei a escrever quando era ainda uma criança. Primeiro comecei a ler para me inspirar. Lia livros que não era bem pra minha idade, como livros de romance, que eram proibidos na época para quem era menor. Como não tinha acesso a outro tipo de leitura e gostava de ler, então pegava os livros do meu irmão e lia atrás da porta para meu pai não ver, principalmente os livros eróticos. Aos 10, 11 anos comecei a fazer os primeiros versos. Os vizinhos começaram a me pedir para escrever cartas para os parentes que tinham longe. Virei escrevedora de carta. Mais tarde, na adolescência, comecei a escrever poesias de amor e dava para os amigos e um namoradinho que tive na época. Mas não levava a sério. Nunca pensei que eu ia ser uma poetisa, publicar livro…

Como foi o processo para publicar os seus livros? Fui trabalhar na Secretaria de uma Escola lá em Irará. Lá uma professora pediu para ver meus poemas. Além da correção, ela me incentivava para publicar e ei ia escrevendo e mostrando para ela corrigir algumas coisas. Eu falava a ela como eu vou conseguir? Eu me via muito longe de publicar um livro entendeu? Porque eu achava também que o que eu escrevia não ia ter um respaldo legal achava que era muito bobo pra publicar. Então eu liguei pra um amigo meu ele é artista plástico e perguntei a ele se tava longe de eu conseguir procurar um livro e ele disse que não que era para eu procurar uma pessoa que tivesse alguma editora foi que eu perguntei a outros poetas aqui de Salvador como era e eles disseram que era dificuldade total. Então eu fiquei com medo já não acreditava mesmo na minha poesia e aí eu resolvi procurar ajuda com amigos e já tava com a vontade lá no céu em querer publicar. Procurei um amigo de meu pai publicitário me identifiquei porque ele não me conhecia ele pediu pra ler os poemas, gostou falou que tinha ritmo e disse que publicava por conta dele me deu esse presente 500 exemplares.

E a publicação do segundo livro? Sempre quis homenagear “painho” de alguma forma, depois que ele foi embora. Então resolvi escrever a biografia do meu pai. Procurei informações e fiz um resumo da vida dele. Em 2006 lancei lá em Irará a biografia Alfredo da Luz: a alegria em Irará, com depoimentos dos amigos.


Por que escrever poemas eróticos? Porque tudo que tem censura atrai o leitor. A inspiração vem dos livros que li na infância e que eram impróprios para minha idade.

Como surgiu a idéia dos projetos? Para o lançamento do meu primeiro livro em 2004 queria um recital, mas quem vai recitar se eu tenho vergonha? Aí criei o grupo Vozes da Poesia, formado por alguns poetas de Irará. Eles decoraram os poemas e fizemos o lançamento na Casa de Angola com recital e muita música. Em 2005 criei o Projeto Irará Poesia e Arte, que além de recitar os poemas, outros artistas também mostram os seus trabalhos. É uma forma de quebrar a dificuldade das editoras, já que as pessoas não têm conhecimento sobre o que você escreve.

E o Projeto Arte Livre? Agora estou com esse Projeto Arte Livre e a finalidade é a mesma eu crio o textos nos temas diversos destinado a uma bailarina, arte circense e arte de um modo geral. Eu criei o projeto pra mostrar através de outras artes a minha poesia para o público. Tudo isso pra enfrentar a dificuldade de se editar livro porque o retorno financeiro pode se dizer que é quase zero porque quando a gente vende um livro o gasto com a produção dele é muito maior. O valor financeiro é pouco eu escrevo mais porque eu gosto e se eu gosto eu queria que outras pessoas vissem e critiquem para eu saber onde é que eu posso melhorar.

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