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domingo, 28 de junho de 2009

A fé na comunidade da Liberdade

“Eu parto do princípio que vivemos numa democracia, então cada um tem que respeitar o outro...”
Por Priscila Bastos e Victor Menezes


A antiga frase passada de geração a geração: “A fé move montanhas”, simboliza bem
o bairro da Liberdade, já que a fé neste bairro move uma legião de pessoas. A Liberdade tem uma das maiores densidades populacional de Salvador. Até o ano de 1990 (dados do censo de 91), a área possuía aproximadamente 130.000 moradores, algo em torno de 5% da população do município. Um bairro populoso e também povoado pela diversidade de crenças. São católicos, evangélicos e candomblecistas dividindo um mesmo espaço e convivendo em prol de um mesmo propósito: a fé.
O bairro da Liberdade possui grande concentração de população negra, a maioria de baixa renda. Atualmente o bairro é considerado uma "cidade" dentro da cidade de Salvador.
Segundo o dicionário Kougan Larousse, fé quer dizer: “confiança em alguém ou em alguma coisa, crença fervorosa”. Na Bíblia Sagrada, muitos textos nos falam sobre a fé, entre os quais destaca-se: “ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem”. Hebreus 11:1; “...mas o justo pela sua fé viverá”, Habacuque 2:4b.
Ao chegar ao bairro a agitação é constante, o comércio e a feira do Japão dão graça a essa gente batalhadora e com muita vontade de vencer. Não precisa andar muito para notar que em poucos metros a diversidade de igrejas é imensa, uma defronte à outra.
Seguindo a feira do Japão chega-se ao terreiro de candomblé Oya Omin Erê, mantido pela funcionária pública, Railda dos Santos, 57. Descendente de africanos e filha de mãe de santo, ela conta que as reuniões são feitas uma vez por mês, e com a presença de oito a dez pessoas, pois ela mesma acredita que não precisa haver muitos seguidores em uma só reunião.
O teor das orações é em busca da paz mundial ou para algum problema que esteja afligindo as pessoas presentes, desde saúde a desemprego. “Quem tem fé, dá muita importância a essas reuniões, é o momento de concentração para que tudo isso não seja em vão”, conta Railda.
Em agosto, mês em que a reportagem foi feita, é comum haver festa em homenagem ao Deus da bexiga, Omulu Obaluaiyê, e os preparativos estão sendo feitos, já que logo às segundas-feiras é servido um mingau com bolo acompanhados de uma cantoria aos orixás. Esse mingau é de Nanan, mãe de Obaluaiyê.
Voltando às orações, é prática também se oferecer um chá e na seqüência os membros presentes se abraçam trocando energias positivas com os praticantes cantando sete dias para cada orixá. É nesse momento que se canta para a cabocla do terreiro em questão.

“Eu não vejo a pessoa pela religião, vejo como ser humano”
Uma situação polêmica é o convívio com as outras religiões. “Eu parto do princípio que vivemos numa democracia, então cada um tem que respeitar o direito do outro, algumas pessoas que são contra, no dia seguinte a reunião do candomblé, fazem cultos evangélicos altos para irritar, chamando de macumbeiro”, afirma Railda. Uma postura que fere o espírito e o respeito para os candomblecistas.
Railda preza pelo respeito independente de tudo. Deixa claro seu pensamento e não se sente incomodada com o que pratica, até porque não força ninguém a nada.
O preconceito ainda impera num país de descendência negra e fica cada vez mais evidente a ignorância das pessoas a cerca da cultura negra, que se trata de uma cultura que originou inclusive muitos hábitos e costumes que vemos hoje em Salvador e em outras regiões do país.
Na pequena Igreja Católica Apostólica Independente (Diocese de Salvador/ Paróquia Santa Bárbara), é impossível não se sentir à vontade com o Dom Roberto Garrido Padim, 62, padre muito simpático e receptivo, que logo explica como se dá o trabalho da sua igreja: “A igreja é católica, mas não é católica romana, é uma igreja separada: Católica Apostólica independente, independente não quer dizer por que ela é separada De Roma, não, independente por que quando ela começou chamava-se igreja Católica Livre no Brasil. Catolicismo livre, o que quer dizer catolicismo livre?
O catolicismo autêntico, voltado para Deus, os homens e a pátria. Livre de qualquer tutela política nacional ou estrangeira, livre para agir somente em nome de Cristo e da legitima tradição apostólica, o que quer dizer isso? “Que nós não temos um governo como a igreja católica romana”, explica.
Na Igreja Casa da Benção, templo evangélico, o pastor Paulo César que congrega há 28 anos na igreja conta que nos cultos a freqüência é de uma média de 800 pessoas nos três horários.

Fé – “A fé é básica em qualquer igreja, eu só não defendo o fundamentalismo, a igreja achar que a igreja que salva igreja não salva ninguém. O que me salva a pratica do bem, a minha fé”, conta dom Roberto.
A auxiliar administrativo, Cleudes dos Santos Reis, 41, chega a igreja Evangélica Casa da benção quando o culto já havia acabado e pede ao pastor para orar por ela, é o dia do seu aniversário e ela quer comemorar com esta benção. “A importância de Deus sobre nossas vidas e é bom para estar em comunhão com os irmãos então eu vim por que hoje é um dia muito especial que é meu aniversário, pra estar em comunhão, já que não pude chegar no horário, mas eu sei que a benção do senhor permanece e é importante que o homem de Deus esteja orando pela gente”, explica.
Diante de tal apuração nota-se que independente da crença a fé une as diferenças religiosas em prol de um sentimento que é o de acreditar que com o auxilio da fé conseguirá alcançar as suas metas.







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