Histórico
Aos poucos as mulheres têm exercido trabalhos ditos como exclusivamente masculinos. A função de policial é uma delas, ainda há quem se surpreenda com uma mulher armada na rua, fazendo seu papel de segurança à sociedade.
Além do preconceito existente pela sociedade e colegas do sexo masculino as mulheres que querem engressar na polícia passam por um “momento-travão” à entrada delas, a prova física. Muitas não vão adiante por este motivo e se vão por vezes exercem funções diferenciadas e não se igualam aos homens.
No Brasil, a filosofia tradicional de policiamento é movida pelo espírito belicoso do Exército Nacional e por ideologias machistas, assim, o tratamento para a inserção de mulheres nos quadros das polícias dá-se de uma forma muito limitada e com pouca visibilidade. (CALAZANS, p.143, 2004).
O que faz com que dezenas de mulheres se interessem por uma atividade tipicamente masculina e que trata de um trabalho em que o crime é seu objeto? A realização pessoal e profissional como fica? E a família?
Estas questões são fundamentais quando se analisa tal tema, até porque aqui não se deixa de debater também o domínio masculino desde os primórdios perante a mulher. Ser policial mulher é um desafio de sobrevivência não só ao crime, mas também a inúmeras barreiras sociais. Muitas são casadas e têm filhos, gostam de cozinhar e de fazer feira, mas a realização só encontram no trabalho.
Aqui a discussão de gêneros se volta ao trabalho, a disputa das mulheres com homens pela igualdade no mercado de trabalho. Identifica-se que as mulheres são analisadas no mercado de trabalho pelas suas funções biológicas, a mulher que reproduz e tem licença do trabalho e que é frágil para certas funções.
Por tal fato as mulheres que são policiais demonstram uma ascendência social e o espaço público de fato é considerado como uma exceção que reforça a regra do domínio masculino.
A resistência em aceitar a mulher em cargos de direção relaciona-se a dois aspectos fundamentais: a tradição cultural, que privilegia o espaço para a mulher na esfera do doméstico, do privado, e não do público, e por considerá-la desprovida de atributos, como combatividade, autoridade, dinamismo, objetividade e audácia, ressaltados como fundamentais ao exercício do poder, e sedimentados a partir do modelo racional burocrático de gestão organizacional. (BAHIA; FERRAZ, p.3, 2008).
São dificuldades e preconceitos que acabam por inibir a capacidade competitiva das mulheres, por exigirem delas um esforço sobrenatural, não apenas com relação ao seu desempenho, mas também para a conquista da confiança de todos.
Estas são considerações que permeiam as atividades femininas e para as quais temos que considerar seu profundo enraizamento nas articulações entre as dimensões do público e do privado.
Segundo o IBGE, a População Economicamente Ativa (PEA) feminina passou de 14,6%, em 1950, para 38%, em 1989. Nos 300 maiores grupos privados nacionais, somente 3,47% de mulheres ocupam cargos de direção (Puppin, 1994). Pelos dados do Ministério do Trabalho (1988) há uma sub-representação das mulheres em todas as categorias, com exceção do serviço público, onde existe uma concentração elevada nas três esferas: federal, estadual e municipal. (BAHIA; FERRAZ, p. 5, 2008).
Porém, apesar dos percalços, as mulheres foram tomando conta da Polícia e, aos poucos, a psicologia feminina e a vontade de quebrar preconceitos e conquistam seus colegas homens, que se tornaram, inclusive, bons amigos, apesar de algumas barreiras ainda persistirem.
No entanto, para as policiais, este modo de agir não é exclusivo da corporação. Está presente também na família, que muitas vezes não aceita a carreira escolhida e, principalmente, na sociedade.
Nota-se que as possibilidades históricas que favoreceram a entrada da mulher no mercado de trabalho abriram espaço para o questionamento de um modelo de hegemonia patriarcal e que este questionamento, embora busque a afirmação de uma outra proposta modelar, não se encerra nisto, mas reflete, acima de tudo, a crise dos ideais de justiça e igualdade do processo civilizatório que atravessamos.
No Brasil
No Brasil, a concentração de entrada das mulheres na polícia deu-se na década de 1980, coincidindo com um momento de crise da própria instituição policial que, por sua vez, refletia uma crise mais ampla do próprio modo de organização do trabalho nas sociedades contemporâneas. (CALAZANS, p. 144, 2004)
Atualmente, nos estados brasileiros, encontramos os mais diversos tratamentos à incorporação de mulheres nas polícias militares, manifestos, sobretudo por meio de restrições legais e informais, o que vem dificultando a inserção e a ascensão na carreira. Por exemplo, no Distrito Federal, há uma lei de 1998 que restringe a 10% a participação feminina no efetivo da PM, o mesmo ocorrendo no Mato Grosso, onde, em um concurso realizado em 2001, a participação feminina também foi limitada a 10% de um total de 800 vagas oferecidas.
Atualmente, na maioria dos estados, o efetivo de mulheres não pode ultrapassar 10% do total, e a participação feminina nas polícias militares corresponde a, aproximadamente, 5% do conjunto do efetivo. (CALAZANS, p.143, 2004).
Na Bahia
Em contrapartida o contingente feminino da Polícia Militar da Bahia, por exemplo, é o maior do Brasil em termos proporcionais, correspondendo a 14% do efetivo da PM baiana, o que equivale a 3.800, do total da corporação - 27 mil.
A Companhia de Polícia Militar Feminina existe há 19 anos. Foi criada em 12 de outubro de 1989, sob a égide da Constituição de 1988, que ratificou uma verdade universal: homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações. A escolaridade da PM feminina baiana é mais elevada que a masculina e também segue a tendência dos outros setores, onde a mulher vem se impondo. De acordo com o assessor de comunicação da PM, coronel André Souza Santos, a maioria das policiais militares femininas tem nível superior e pós-graduação.
A pesquisa relata a polícia mulher Militar, porém na Bahia há mulheres que desempenham papéis de delegadas na policia Militar ou Civil. Há mulheres em várias corporações policiais na atualidade.
Referências Bibliográficas:
BAHIA, Cândida; FERRAZ, Cida. ENTRE A EXCEÇÃO E A REGRA:
A Construção do Feminino na Polícia Civil Baiana. p.1-16, 2008. Disponível em: http://anpad.org.br/. Acesso em: 25/03/09.
Contingente feminino da PM da Bahia é o maior do Brasil. p.1, 2008. Disponível em: http://www.bahiaemfoco.com/. Acesso em: 25/03/09.
CALAZANS, Márcia. Mulheres no policiamento ostensivo e a perspectiva de uma segurança cidadã. v.18, n. 1, p.142-150, jan/março, 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/. Acesso em: 25/03/09.
Aos poucos as mulheres têm exercido trabalhos ditos como exclusivamente masculinos. A função de policial é uma delas, ainda há quem se surpreenda com uma mulher armada na rua, fazendo seu papel de segurança à sociedade.
Além do preconceito existente pela sociedade e colegas do sexo masculino as mulheres que querem engressar na polícia passam por um “momento-travão” à entrada delas, a prova física. Muitas não vão adiante por este motivo e se vão por vezes exercem funções diferenciadas e não se igualam aos homens.
No Brasil, a filosofia tradicional de policiamento é movida pelo espírito belicoso do Exército Nacional e por ideologias machistas, assim, o tratamento para a inserção de mulheres nos quadros das polícias dá-se de uma forma muito limitada e com pouca visibilidade. (CALAZANS, p.143, 2004).
O que faz com que dezenas de mulheres se interessem por uma atividade tipicamente masculina e que trata de um trabalho em que o crime é seu objeto? A realização pessoal e profissional como fica? E a família?
Estas questões são fundamentais quando se analisa tal tema, até porque aqui não se deixa de debater também o domínio masculino desde os primórdios perante a mulher. Ser policial mulher é um desafio de sobrevivência não só ao crime, mas também a inúmeras barreiras sociais. Muitas são casadas e têm filhos, gostam de cozinhar e de fazer feira, mas a realização só encontram no trabalho.
Aqui a discussão de gêneros se volta ao trabalho, a disputa das mulheres com homens pela igualdade no mercado de trabalho. Identifica-se que as mulheres são analisadas no mercado de trabalho pelas suas funções biológicas, a mulher que reproduz e tem licença do trabalho e que é frágil para certas funções.
Por tal fato as mulheres que são policiais demonstram uma ascendência social e o espaço público de fato é considerado como uma exceção que reforça a regra do domínio masculino.
A resistência em aceitar a mulher em cargos de direção relaciona-se a dois aspectos fundamentais: a tradição cultural, que privilegia o espaço para a mulher na esfera do doméstico, do privado, e não do público, e por considerá-la desprovida de atributos, como combatividade, autoridade, dinamismo, objetividade e audácia, ressaltados como fundamentais ao exercício do poder, e sedimentados a partir do modelo racional burocrático de gestão organizacional. (BAHIA; FERRAZ, p.3, 2008).
São dificuldades e preconceitos que acabam por inibir a capacidade competitiva das mulheres, por exigirem delas um esforço sobrenatural, não apenas com relação ao seu desempenho, mas também para a conquista da confiança de todos.
Estas são considerações que permeiam as atividades femininas e para as quais temos que considerar seu profundo enraizamento nas articulações entre as dimensões do público e do privado.
Segundo o IBGE, a População Economicamente Ativa (PEA) feminina passou de 14,6%, em 1950, para 38%, em 1989. Nos 300 maiores grupos privados nacionais, somente 3,47% de mulheres ocupam cargos de direção (Puppin, 1994). Pelos dados do Ministério do Trabalho (1988) há uma sub-representação das mulheres em todas as categorias, com exceção do serviço público, onde existe uma concentração elevada nas três esferas: federal, estadual e municipal. (BAHIA; FERRAZ, p. 5, 2008).
Porém, apesar dos percalços, as mulheres foram tomando conta da Polícia e, aos poucos, a psicologia feminina e a vontade de quebrar preconceitos e conquistam seus colegas homens, que se tornaram, inclusive, bons amigos, apesar de algumas barreiras ainda persistirem.
No entanto, para as policiais, este modo de agir não é exclusivo da corporação. Está presente também na família, que muitas vezes não aceita a carreira escolhida e, principalmente, na sociedade.
Nota-se que as possibilidades históricas que favoreceram a entrada da mulher no mercado de trabalho abriram espaço para o questionamento de um modelo de hegemonia patriarcal e que este questionamento, embora busque a afirmação de uma outra proposta modelar, não se encerra nisto, mas reflete, acima de tudo, a crise dos ideais de justiça e igualdade do processo civilizatório que atravessamos.
No Brasil
No Brasil, a concentração de entrada das mulheres na polícia deu-se na década de 1980, coincidindo com um momento de crise da própria instituição policial que, por sua vez, refletia uma crise mais ampla do próprio modo de organização do trabalho nas sociedades contemporâneas. (CALAZANS, p. 144, 2004)
Atualmente, nos estados brasileiros, encontramos os mais diversos tratamentos à incorporação de mulheres nas polícias militares, manifestos, sobretudo por meio de restrições legais e informais, o que vem dificultando a inserção e a ascensão na carreira. Por exemplo, no Distrito Federal, há uma lei de 1998 que restringe a 10% a participação feminina no efetivo da PM, o mesmo ocorrendo no Mato Grosso, onde, em um concurso realizado em 2001, a participação feminina também foi limitada a 10% de um total de 800 vagas oferecidas.
Atualmente, na maioria dos estados, o efetivo de mulheres não pode ultrapassar 10% do total, e a participação feminina nas polícias militares corresponde a, aproximadamente, 5% do conjunto do efetivo. (CALAZANS, p.143, 2004).
Na Bahia
Em contrapartida o contingente feminino da Polícia Militar da Bahia, por exemplo, é o maior do Brasil em termos proporcionais, correspondendo a 14% do efetivo da PM baiana, o que equivale a 3.800, do total da corporação - 27 mil.
A Companhia de Polícia Militar Feminina existe há 19 anos. Foi criada em 12 de outubro de 1989, sob a égide da Constituição de 1988, que ratificou uma verdade universal: homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações. A escolaridade da PM feminina baiana é mais elevada que a masculina e também segue a tendência dos outros setores, onde a mulher vem se impondo. De acordo com o assessor de comunicação da PM, coronel André Souza Santos, a maioria das policiais militares femininas tem nível superior e pós-graduação.
A pesquisa relata a polícia mulher Militar, porém na Bahia há mulheres que desempenham papéis de delegadas na policia Militar ou Civil. Há mulheres em várias corporações policiais na atualidade.
Referências Bibliográficas:
BAHIA, Cândida; FERRAZ, Cida. ENTRE A EXCEÇÃO E A REGRA:
A Construção do Feminino na Polícia Civil Baiana. p.1-16, 2008. Disponível em: http://anpad.org.br/. Acesso em: 25/03/09.
Contingente feminino da PM da Bahia é o maior do Brasil. p.1, 2008. Disponível em: http://www.bahiaemfoco.com/. Acesso em: 25/03/09.
CALAZANS, Márcia. Mulheres no policiamento ostensivo e a perspectiva de uma segurança cidadã. v.18, n. 1, p.142-150, jan/março, 2004. Disponível em: http://www.scielo.br/. Acesso em: 25/03/09.
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