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quarta-feira, 10 de junho de 2009

Terapias para humanizar hospitais: o riso, a alegria, o afeto e o respeito podem aumentar a imunidade de doentes

Diogo Braga
[diogorbraga@hotmail.com]

Jeniffer Santos
[jenifferjornalismo@yahoo.com.br]

Priscila Bastos
[priscilaafb@yahoo.com.br]


“Era uma vez uma folha, que crescera muito. Na parte intermediária era larga e forte, as cinco pontas eram fixas e atilares. Surgiu na primavera, como um pequeno broto num galho grande, perto do topo de uma árvore alta. A folha estava cercada por outras folhas iguais a ela, ou pelo menos era o que parecia. Mas não demorou muito para que descobrisse que não havia duas folhas iguais. Alfredo era a folha mais próxima, Mário era a folha a sua direita, Clara a linda folha por cima.
Todos haviam crescido juntos, aprenderam a dançar a vinda da primavera, a respeitar imponentemente o Sol do verão e a se lavar na chuva seca. Mas Daniel era seu melhor amigo, era a folha maior do galho e parecia que lá estava antes de qualquer outra (...)’’.

Esta foi uma das histórias contadas a crianças com câncer, por Heli Rezende da Associação Viva e Deixe Viver. Na realidade esta é uma das alternativas de humanização hospitalar, que representam tentativas de diminuir o impacto do sofrimento de pacientes e familiares durante a internação. Além da associação, os terapeutas do riso e as doulas também atuam na mesma direção. E não só entidades civis fazem ações dessa natureza. Já existe um programa de Humanização da Saúde promovido pelo Ministério da Saúde.
Assim surge o termo “humanização hospitalar” que, segundo os documentos do Programa da Humanização da Saúde, proposto pelo Ministério da Saúde, significa: “ofertar atendimento de qualidade articulando os avanços tecnológicos com acolhimento, com melhoria nos ambientes de cuidado e das condições de trabalhos dos profissionais”.
Para debater esse tema, os alunos do quinto semestre do curso de jornalismo do Centro universitário Jorge Amado – UNIJORGE convidaram, no dia 6 de outubro, a contadora de histórias, da Associação Viva e Deixe Viver, Heli Rezende; o Terapeuta do Riso, Edamar Dias; a doula Alcina Teles e a presidente do Grupo de Trabalho de Humanização do Hospital Roberto Santos, Drª Maria Celeste.

Terapeutas do riso
Os terapeutas são artistas profissionais que levam a arte para o hospital, unindo teatro, música e técnicas circenses num trabalho que promove cura, cultura e inclusão social, como foi definido no site oficial do grupo. “Eu faço trabalho de humanização e de acolhimento há dez anos. É um trabalho sistemático, de acompanhamento com o paciente”, explica O terapeuta do riso, Edmar Dias.
Edmar conta que o grupo começou fazendo peças de teatro. A idéia de uma realizara apresentações para crianças doentes os deixaram um pouco apavorados no início. A primeira peça foi para crianças com câncer, que apesar dos problemas, brincavam e se divertiam durante um espetáculo. “Havia uma criança que permaneceu no colo da mãe, por ter um tumor externo, e a mãe tinha o cuidado de secara secreção com uma fralda enxuta. Durante o espetáculo a criança sorriu e a secreção foi estancada”, relatou Edmar. A maior recompensa, segundo ele, foi a declaração da mãe: chorando, ela disse que esta foi a primeira vez que a criança havia sorrido.

Contadoras de histórias
Outra iniciativa que ajuda as crianças hospitalizadas é a “Associação Viva e Deixe Viver” que conta com voluntários contadores de histórias. A associação tem como objetivo promover entretenimento, cultura e informação educacional através do estímulo à leitura e do brincar, visando transformar a internação hospitalar de crianças e adolescentes em um momento mais alegre e agradável.
A contadora de histórias, Heli Rezende, falou do trabalho voluntário: “Para ser um voluntário, para contar histórias não só preciso jaleco. O jaleco é a ultima etapa, tem que passar por um processo de seleção, formação. São nove passos, cada um deles nos preparando para essa atividade de contar histórias no ambiente hospitalar”.
Heli contou um caso em que ela e outra contadora foram levadas ao quarto de um hospital, por uma assistente social, que os avisou que a menina hospitalizada estava amputada. Heli diz que a sua colega não registou a informação e, já no quarto, perguntou a menina se ela queria ouvir alguma história. A menina, que não falava, prontamente respondeu não com a cabeça.
Mas a contadora insistiu e ela acabou escolhendo a história da Cinderela. Quando chegou na parte da história que fala do baile, na televisão do quarto, coincidentemente também passava a cena de um baile de época, o que despertou maior interesse da ouvinte. Após a história a menina estava com um aspecto mais agradável e já sorria, porém ainda não falava. A contadora, muito perspicaz percebeu que havia um livro caído no chão: “Ah! A história de Mulan”. Heli falou: “Ah! Mulan não é a história de um guerreiro chinês?”; Então a menina, finalmente, falou: “é de uma guerreira”. E então começaram a conversar sobre Mulan e que guerreira também era aquela menina.

DOULAS
Outra iniciativa que já existe, embora seja desconhecida por muitos, é o trabalho das doulas. Segundo a doula Alcina Teles: “Doula é uma palavra grega que tem como significado, mulher que serve, então desde sempre existiram mulheres que acompanhavam partos de outras mulheres”.
A doula atua como voluntária nos hospitais públicos e também são contratadas pelas mulheres que utilizarão hospital particular. Ela acompanha a mulher desde o início da gravidez até a hora do parto dando orientações de exercícios para o momento do parto e pós-parto auxiliando nos cuidado com o bebê. Mas é na hora de parir que ela faz a diferença: “A doula hoje é uma função muito importante por que nós temos hoje um processo de parto muito adoecido, não é mais fisiológico o parto de hoje”.


Humanização da Morte
A Humanização da morte também foi tratada durante o seminário pela doutora Maria Celeste. Segundo ela, estar dentro de um hospital, entre a vida e morte, é um grande conflito. “A humanização é um chamamento para que o doente seja tratado como alguém que luta pela vida, para que a sociedade e a equipe médica sejam acolhedoras, pois qualquer ser humano está sujeito a passar um dia por isso”.
A morte é inevitável no contexto hospitalar, onde muitos nascem também muitos morrem. A humanização vem com a intenção de tornar o momento de dor menos sofrido. Para isso, há uma intervenção de um psicólogo, que atua junto à família e aos médicos para que o momento da morte seja respeitado e o paciente encarado com dignidade. O hospital Roberto Santo é um dos que desenvolve essa intervenção, segundo Celeste.
O fato relatado por Celeste de uma menina doente que estava hospitalizada e à beira da morte chocou e emocionou a platéia. Celeste conta que a mãe não aceitava que a filha fosse morrer. Quando a menina faleceu a doutora teve que dar a notícia. Então chamou o padrasto e a mãe da menina, informando ela havia piorado muito. A mãe ficou em prantos, andando freneticamente de um lado para o outro. Então Celeste mostrou ao padrasto a menina, que já estava morta, e foram juntos avisar a mãe do acontecido. A mãe foi então, serenamente, ver a filha sem vida. “Ô filha tu não disse que ia ficar velha junto com mainha”? Disse a mãe da menina. Neste instante o silêncio e as lágrimas dominam a palestrante e a platéia.


SERVIÇO
NOME: Maria Celeste
ENDEREÇO INTERNET: mariacelcastro@yahoo.com.br
TELEFONE: 88945021

SERVIÇO
NOME: Heli Rezende
ENDEREÇO INTERNET: helirezend@oi.com.br
TELEFONE: 99796657


SERVIÇO
NOME: Edmar Dias
ENDEREÇO INTERNET: teraputadoriso@uol.com.br/ terapeutadoriso@gmail.com
TELEFONE: 91211940


SERVIÇO
NOME: Alcina Teles
ENDEREÇO INTERNET: contato@alcinateles.com
TELEFONE: 81197466/91116434

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